domingo, 7 de outubro de 2012

Renascimento II

Tentaram-me eliminar...
Eu sobrevivi!
E para vosso Inferno voltei.
Sou livre e sã naquilo que penso,
Trágica e dramática no que pareço.
Mas a minha vida, agora a mereço!
Sou digna de respirar e ver noites de luar,
Consigo não ter peso no meu peito
Ter a alma livre do mal.
Mas minha cabeça ainda vagueia,
Nas noites tristes de insónia
E  por horas eternas
Tenho a crença ilusória
De que já não sou trevas,
Sou sim negra memória.

Não guardo mágoa, não...
Dos dias em que o Sol não brilhou.
Tenho antes saudade
Do tempo que passou.
A inocência perdeu-se,
A vida mudou.


Renascimento

Tyene de Michael Calandra
I

Sem inspiração , adormecida
Vivi na sombra, esquecida.
Pois minha alma é triste
Com sua perda sentida.

Por vós e por mim, meus senhores
Vivi tragicamente meditando.
Se a vida fazia sentido em números
E se máquinas eram os humanos.

São assim palavras desvairadas,
Poemas feitos de insanidade,
Que brotam dentro de mim
Com mísera e mesquinha vaidade.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

A busca do sentidos

"Dust in the wind, all we are is dust in the wind."


As flores nascem, crescem, morrem...
As pessoas lutam, vivem, sofrem...
Não ouses voltar atrás, as portas estão fechadas.
Sobe na vida, e cai nas suas escadas.

Morre e volta a viver!
Não vale a pena viver se não se sofrer!
Sofre e serás alguém!
Vive a vida como ninguém!

Chora! A alma está cheia de sal!
O sal que torna a vida divinal!
Se não chorares és vazio,
Vês a vida passar como um rio.

Cresce e  desaparece!
Torna-te o pó que sempre foste.
Não adianta o desespero de tua prece.
Nunca escaparás da foice!

Desilude-te! Tudo é desilusão!
Não te cubras de luz. Viva a escuridão!
Abraça-te na sombra da maldade.
Pois tudo na vida é saudade...

Cala-te! As palavras voam em muitos sentidos!
Transmitem as promessas quebradas,
Das histórias dos corações partidos.

Tornar os sonhos realidade
E os pesadelos também...
Um dia será tudo saudade!

Saudade! Que quando não dá mais
Pelos olhos escorrega...
Que sentimento mais te integra?

A vontade de crescer sempre criança?
A vontade de voltar o tempo atrás?
O relógio não pára, avança!

Cai e volta-te a levantar!
Tudo se consegue, tudo se conquista
Só com a vontade de amar!

Crê num só Deus: Tu

Ouve uma só voz: A tua

O Mundo é feito de razão.

Mas tu és a razão.

Olha o Mundo e vê uma única imagem:

A minha!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Os olhos


Os olhos verdes da amargura

São como rubis ao luar,

Que durante a noite escura

Brilham de tanto chorar.


A ti estes olhos te pertencem

E é este triste o sentimento

Que eles veêm, e não mentem

Ao dizer que o amor é um tormento.


São vazios os olhos verdes,

Não têm doçura nem maldade,

Mas por eles,

Escorre a eterna saudade.

sábado, 20 de março de 2010

O Cadafalso


A fria lâmina do teu beijo,

O sólido mármore do teu corpo,

São o caminho para o cadafalso...

Choro impiedoso de um passo em falso.


E a espada cai em gotas de sangue,

Devoções a uma conspiração divina,

Cai agora leve e exangue,

Porque um dia será corrompida.


Mas para quê viver um amor tão profundo?!

Não quero gritar aquilo que sinto pois

Foi no meu olhar que se tornou soturno!


Querer-me assim despedir do Mundo!

Ficar sem cabeça como Ana Bolena,

Que por amor e ambição caíu bem fundo...


sábado, 10 de outubro de 2009

Calar o Sofrimento


O medo consome-me a alma como fogo,


Os meus sonhos são escuros e tenebrosos.


Caí nas garras de um mortal jogo


Estranho jogo esse, vencerá meu medo?




E vou caindo cada vez mais num túnel,


Onde espinhos dilaceram a minha pele


Gritando de dor, um grito tão amável


Tal como um pensamento só dele.




Escutando mais do que aquilo que posso escutar,


Vendo mais para além do que quero ver


Sofrer mais do que aquilo que posso sofrer.




Tão simples é o som dos reles mortais


Que choram o doce som do sofrimento sem palavras,


Sem tacto, simplesmente derramando lágrimas.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Suave Veneno


Esse suave veneno que brilha nos teus olhos

É como sangue doce a fervilhar,

Que quebra o encanto dos meus sonhos

E põe o meu coração a palpitar.


Coração esse, palpita num corpo morto

Que poderá um dia ressuscitar

Se esse teu suave veneno

Um dia lhe ousar tocar.


Com a sua singela frieza cor de mármore,

Frieza essa que usas para poder sentir-te

Nas noites em que não viverei sem ti.


Trazes esse teu suave veneno contigo,

Para adormecer no meu leito comigo

Só assim renascerei e morrerei em ti.